sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Amizade

"Constitui, com efeito, facto da maior relevância possuir os mesmos monumentos ancestrais, celebrar os mesmos cultos, partilhar as mesmas sepulturas.
Mas, entre todas as sociedades nenhuma é mais nobre, nenhuma, mais sólida, do que aquela na qual todos os homens de bem partilham os mesmos costumes e se encontram unidos por uma profunda amizade (...).
E, embora toda a virtude nos atraia e faça com que amemos aqueles em quem ela parece residir, são no entanto a justiça e a generosidade que mais contribuem para isso. Nada mais digno de amor, nada mais próprio à união do que a conformidade de todas as boas índoles nas quais se observa, com efeito, as mesmas preocupações, as mesmas vontades, acontecendo cada um se deleitar com o outro como se este fosse ele próprio, daí resultando aquilo que Pitágoras tanto deseja para a amizade - que muitos se unam num só."

Cícero
in "Dos Deveres".

O mito da felicidade obrigatória

«À força de prometer a felicidade para todos, o liberalismo de mercado acaba por criar falsas esperanças e um ambiente de insatisfação colectiva. O mito igualitário da felicidade obrigatória une-se aqui com o do progresso indefinido do nível de vida individual, independentemente da prosperidade dos circuitos económicos. Paradoxalmente, cada crescimento quantitativo do nível de vida reforça a insatisfação psicológica que seria suposto eliminar, provocando no corpo social uma dependência quase fisiológica a respeito dos desejos económicos, com as múltiplas consequências patológicas que isso acarreta. "A falsa libertação do bem-estar, escreve Pasolini, criou uma situação tão ou mais louca que a dos tempos de pobreza".»

Guillaume Faye

O Senhor da Guerra

Lord of War, Andrew Niccol, 2005.

Baseado em factos reais, «Senhor da Guerra» é uma história de acção situada no mundo internacional do negócio de armas. O filme explora as consequências do fim da Guerra Fria – a enorme quantidade de armamento que os estados soviéticos venderam a outros países, principalmente a África, e a vasta soma de dinheiro que os negociantes de armas acabaram por ganhar.
Um deles é o "dealer" Yuri Orlov. Proveniente da Ucrânia, antes da desunificação da União Soviética, a família Orlov emigrou para a América ainda Yuri era uma criança. Foi a intitular-se descendente de judeus que ele começou uma vida de inúmeras identidades fraudulentas, no mundo obscuro da venda de armas. Penetrando em algumas das mais mortais zonas de guerra, ele luta para ficar sempre um passo à frente do agente da Interpol, dos seus rivais no negócio, até mesmo dos seus clientes, onde se incluem os mais famosos ditadores...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Brevemente, mais um blogue do clã Zentropa: Syndikat-Z

O que é o GRECE?

O "Groupement de Recherche et d'Études pour la Civilisation Européene" ("Grupo de Pesquisa e Estudos para a Civilização Europeia"), também conhecido por GRECE (acrónimo francês para "Grécia"), é um think-tank etno-nacionalista, fundado em 1968 pelo jornalista e escritor Alain de Benoist. O GRECE distinguiu-se das restantes organizações conservadoras e tradicionalistas pelo interesse específico nas culturas germânicas e nórdicas, na rejeição do monoteísmo em geral e na recuperação de certos aspectos do paganismo.

O GRECE foi criado em Janeiro de 1968 por cerca de quarenta activistas oriundos de diversos movimentos nacionalistas. Dominique Venner, Jean Mabire e Alain de Benoist estavam entre os fundadores, na tentativa de criar um think-tank intelectual que influenciasse o pensamento conservador francês. Rapidamente os activistas do GRECE criaram duas revistas ("Éléments" e "Nouvelle École") assim como uma editora ("Éditions Copernic"), que publicou autores considerados "pioneiros", como Louis Rougier, Oswald Spengler ou Julius Evola. Outra vertente do GRECE era o estabelecimento de contactos com diferentes círculos culturais e científicos, organizando conferências e encontros.
Vários membros do GRECE, incluindo o próprio Benoist, juntaram-se à redacção da recém-criada revista do "Le Figaro", jornal conservador francês, onde mantiveram uma forte influência até 1981. No fim da década de 70, estima-se que o grupo contasse com cerca de 4000 membros.

Em 1979, o GRECE foi alvo de uma campanha hostil por parte da imprensa francesa, que denunciou o aparecimento de uma "nova extrema-direita" no núcleo da denominada Nova Direita Francesa ("Nouvelle Droite"). Na década de 80, enquanto o GRECE ia perdendo influência, alguns dos mais destacados membros abandonaram o projecto, entre os quais Pierre Vial e Guillaume Faye.

Em termos de publicação, o GRECE editou muitos artigos sobre filosofia política, abordando autores como Carl Schmitt, Julien Freund, Vilfredo Pareto, Ernst Jünger e ideologias como o comunismo, nacionalismo e liberalismo. Entre os tópicos regularmente abordados contam-se temas como a identidade, cultura, religião, racismo e anti-racismo, física, biologia e economia.

Nos últimos anos, o GRECE desenvolveu a ideia de uma Europa politicamente independente, livre das influências do "neo-liberalismo" e dos Estados Unidos, visto como o "representante da ideologia dominante da Modernidade", defendendo ideias como o localismo, o ambientalismo e o comunitarismo.

Problemática dos sexos

"Nas sociedades europeias antigas, a problemática dos sexos não era vivida como conflito porque essas sociedades reconheciam à mulher uma função social específica. Esta função, de carácter privado, não era considerada como menos preciosa nem menos fundamental que aquela, de carácter público, que era assumida pelo homem. Ora, hoje, esta função social já não existe porque ela foi tomada a cargo pela colectividade. O Estado, dotado de prerrogativas sócio-económicas novas, encarrega-se a si mesmo cada vez mais da educação das crianças e da segurança das pessoas. A mulher encontra-se assim despojada das prerrogativas educativas e «tranquilizantes» que, outrotra, eram colocadas sob a sua responsabilidade. Assim, ela é levada «a libertar-se» de um lar que se tornou uma espécie de concha vazia — e onde ela já não tem papel a desempenhar. E como a função social masculina, apesar de se transformar, se manteve, a única possibilidade para a mulher de reassumir responsabilidades é procurar assumir, tanto quanto o possa, a função social do homem, esforçando-se por demonstrar que «não existem diferenças» entre eles."

Alain de Benoist
in "Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas", Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Mil corações, uma bandeira (actualizado)

Hoje, em Itália, uma manifestação estudantil contra a reforma educativa Gelmini tornou-se palco de uma batalha campal. Militantes do Blocco Studentesco foram atacados por activistas de extrema-esquerda. Resultaram diversos feridos e detidos.

Tudo ocorreu quarta-feira de manhã, durante uma manifestação que reuniu mais de 5000 estudantes junto ao senado italiano em protesto contra a "destruição da escola pública" e apelando à demissão de Mariastella Gelmini, a ministra italiana da Educação.
Os estudantes nacionalistas ligados ao Blocco Studentesco, que criticavam a excessiva instrumentalização dos protestos por parte da oposição parlamentar italiana, sofreram uma carga de elementos provocadores de extrema-esquerda, apostados em dividir a unidade dos estudantes contra a "reforma Gelmini". Apesar das imagens que circulam no Youtube (aqui e aqui), a comunicação social italiana deu os estudantes nacionalistas como responsáveis pelo confronto.
Apesar dos protestos, a reforma foi hoje definitivamente aprovada pelos senadores (162 votos contra 134). Para quinta-feira está prevista uma greve geral em todas as escolas do país.

A falange dos zentropistas

Entrevista ao blogue Zentropa traduzida a partir da revista "Le Choc du Mois".

O blogue Zentropa.info não se assemelha a nenhum outro. Futurista, nacionalista, europeu, combina um grafismo vanguardista com uma linha resolutamente anti-moderna. Entrevista com a equipa editorial.


Porquê «Zentropa»?
O nome tem origem num filme neo-expressionista. Enquanto alguns sobressaltos agitam ainda a Alemanha no crepúsculo da segunda guerra civil europeia, uma companhia de caminhos-de-ferro, Zentropa, recomeça penosamente a circular pelas velhas pátrias, tornando-se símbolo de reconstrução e de uma possível unidade.

Um blogue como os outros?
Zentropa é a expressão política de uma falange de camaradas disseminados por vários continentes. O blogue é simplesmente um instrumento de comunicação, de criação e de informação, ao serviço dessa comunidade. O que origina várias diferenças. A primeira, é a sobriedade do anonimato em contraste com a blogosfera onde pululam os egos. Em seguida, a persistência exigida: cerca de oito novas rubricas quotidianas desde há vários anos. Segue-se o seu carácter internacional e pluri-linguístico. É, por fim e sobretudo, por trás da janela virtual a realidade do clã zentropista. Se há efectivamente um estilo Zentropa, é primeiro que tudo o estilo de vida dos zentropistas.

Quem são os zentropistas?
O clã que formamos visa, por um lado, impedir o emburguesamento dos seus membros assegurando uma solidariedade material e moral infalível entre estes, enquanto por outro lado, procuramos incentivar os nossos contemporâneos para o desprezo pela vida cómoda e a revolta contra o mundo moderno. Nem sectários nem odiosos, preferimos a política de exemplo à do bode expiatório. O espírito zentropista posiciona-se sob a égide de Primo de Rivera, que declarou: "No curso dos séculos que viram amadurecer o esforço que conduziu ao Império, não se dizia "contra os mouros" mas "Santiago de Espanha", que era um grito de esforço, de ofensiva. Da Espanha una, grande e livre e não da Espanha cobarde e medíocre."

Quais os vossos objectivos?
Na base do nacionalismo e do sindicalismo revolucionário, o projecto Zentropa apoia e divulga a actualidade do activismo de terreno (nas ruas, nos estádios, nos concertos) de Portugal à Rússia, da Suécia à Grécia e particularmente do vanguardismo italiano. Mas o blogue Zentropa ultrapassa largamente o estrito quadro político para difundir os críticos da nossa sociedade industrial e consumista (Baudrillard, Anders, de Benoist, etc.); promover princípios de fidelidade, de ordem, de justiça social mas também defender e ilustrar o decrescimento económico ou o dadaísmo; dar a conhecer personagens ignoradas (Georges Valois, Italo Balbo, Gyp, marquês de Morès); organizar concertos, conferências, criar vídeos e uma literatura que coloca em evidência a abjecção do mundo contemporâneo. Resumidamente, criar novos argumentários, novas formas de expressão e agitação político-cultural, novas relações militantes.
Pela música, pela imagem, pelo discurso, pela crítica metafísica ou pela prática religiosa e por outros meios ainda por descobrir, o projecto Zentropa procura fazer renascer a força da ligação comunitária e alterar os comportamentos. Por uma comunidade de homens de pé, no tumulto da festa como no caos dos combates, uma só palavra: Zentropa!

Mãos ao ar!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O masoquismo europeu

"Tocqueville notava-o já: os Americanos têm 'uma opinião elevadíssima de si próprios' e 'não estão longe de crer que formam uma espécie à parte dentro do género humano'. Na América há uma fusão entre o patriotismo e o sagrado, enquanto a Europa permanece uma construção desesperadamente profana.(...) A Europa não tem pior inimigo do que ela própria, com a sua culpabilidade importuna e o escrúpulo levado até á inércia. Como podemos querer ser respeitados se nós próprios não nos respeitamos, se não paramos, através dos media e da literatura, de nos pintar com as cores mais negativas? A verdade é que os Europeus do Ocidente não têm um amor próprio suficiente para superarem o seu desgosto e manifestar para com a sua cultura aquele fervor tão manifesto nos Estados Unidos. A América é um projecto, a Europa é um desgosto.
Vejam a nossa moeda comum. O que está representado nas notas de 10, 20, 50 ou 100 euros? Arcadas, pontes e pórticos, como se o nosso continente não passasse de um lugar de passagem, uma sala dos passos perdidos, uma mão estendida ao resto do planeta. Apagaram-se as figuras de Shakespeare, Cervantes, Rembrandt, Vinci, Goethe, Dante, Pascal e Voltaire. É que todos estes homem (...) são suspeitos, pois ainda estão manchados de preconceitos que a nossa modernidade truinfante anulou".

Pascal Bruckner
in
"O Complexo de Culpa do Ocidente", Publicações Europa-América, 2008.

É a Hora!

Porque a ideia democrática é falsa...

«A democracia não é um facto. A democracia é uma ideia. Essa ideia inspira as leis. E essas leis e essas instituições revelam-se todos os dias mais destastrosas, destrutivas e ruinosas, mais hostis às tendências naturais dos costumes, ao jogo espontâneo dos interesses e ao desenvolvimento do progresso. Porquê? Porque a ideia democrática é falsa, e está em desacordo com a natureza. Porque a ideia democrática é má e submete constantemente o melhor ao pior, o superior ao inferior.»

Charles Maurras

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Marcha sobre Roma

Dezenas de milhares de estudantes marcharam hoje em Roma, contra a reforma educativa planeada pelo governo de Berlusconi. Numa manifestação que uniu a Esquerda e a Direita, os alunos das escolas e universidades italianas protestaram contra os cortes orçamentais e a privatização do Ensino. Na linha da frente estiveram os activistas do Blocco Studentesco, organização estudantil ligada à associação CasaPound.

Dogville

Dogville, Lars von Trier, 2003.

É preciso pôr a imaginação a carburar para ver «Dogville», o novo filme de Lars von Trier. Apesar de se passar na vilória do mesmo nome das Montanhas Rochosas, na América dos anos 30, «Dogville» não tem vilória, não tem Montanhas Rochosas e não tem América, sendo que os anos 30 só se adivinham pelo guarda-roupa das personagens. E o cão que lhe dá nome é invisível.
Dogville é um estúdio na Suécia, com uns cenários, adereços e actores. Tirando estes, que estão mesmo lá, tudo o resto tem que ser imaginado pelos espectadores, até as portas das casas e celeiros, que são abertas e fechadas pelas personagens mas não existem, que rangem mas não estão lá e por isso não podem levar óleo.
«Dogville», primeiro filme de uma trilogia sobre os Estados Unidos, é o «filme de fusão» que o realizador andava a anunciar - fusão entre cinema, teatro e literatura. E se fosse uma coligação eleitoral entre três partidos, «Dogville» ganhava as eleições com maioria absoluta.
Em «Dogville», a realização cinematográfica molda a encenação teatral à medida das suas necessidades visuais, espaciais e dramáticas, dividindo-se em «capítulos», progredindo como um romance e dando formato introspectivo aos diálogos. «Dogville» é uma experiência irrepetível, um concept movie e um desafio à suspensão da descrença e à capacidade de participação do espectador.
Ao contrário dos seus filmes mais recentes, histórias de sacrifício e redenção, «Dogville» começa por ser uma narrativa de compaixão exemplar e conclui-se como uma história de vingança apocalíptica. A vila de Dogville não é um microcosmos da América, como alguns entenderam. É um modelo à escala reduzida da humanidade, que serve para Lars von Trier expôr a sua visão negramente pessimista do comportamento humano e fazer da personagem de Nicole Kidman, por esta ordem, um cordeiro indefeso, um animal de carga e um anjo exterminador. (Kidman quebrou, entretanto, o seu compromisso de interpretar a trilogia, assumido em Cannes).
No final de «Dogville», só sobra piedade para os irracionais. Entenda-se como a compensação que um escravo pode dar a outro.

Eurico de Barros
in «Diário de Notícias» (10-10-2003)

Consumam, especulem: tudo está bem!

domingo, 26 de outubro de 2008

O homem novo será da nossa têmpera

«Quando os observo a abrirem em silêncio corredores na rede de arames farpados, a escavarem escadas de assalto, a compararem relógios fosforescentes, a determinarem a direcção do norte pelas estrelas, ganho uma consciência flagrante: eis o homem novo, o sapador de assalto, o escol da Europa Central. Uma raça completamente nova, inteligente, forte, carregada de vontade. O que se descobre no combate, e surge até à luz, será amanhã o eixo de uma vida com rotação sonora e cada vez mais rápida. Não haverá sempre, como aqui, que abrir caminho entre as crateras, através do fogo e do aço, mas o passo de carga que impulsiona o acontecimento, o tempo ditado pelo ferro, continuarão imutáveis. O poente abrasado de uma era que desaparece é também uma aurora onde há que se armar para combates novos e mais duros. Longe, na retaguarda, as cidades gigantescas, os exércitos de máquinas, os impérios cujo tufão rasga os ligamentos internos, espelham o homem novo, mais intrépido, aguerrido no combate, que não se poupa nem poupa os outros. Esta guerra não é o final da violência, é apenas o seu prelúdio. É a forja onde o mundo é martelado em fronteiras novas e novas comunidades. Formas novas reclamam um sangue que as encha, e o poder quer que dele se apoderem com uma mão de ferro. A guerra é uma grande escola, e o homem novo será da nossa têmpera.»

Ernst Jünger
in “A Guerra como Experiência Interior”, Ulisseia (2005).

sábado, 25 de outubro de 2008

Knut Hamsun

Knut Hamsun, pseudónimo de Knud Pedersen (1859-1952) foi um escritor norueguês. Considerado por Isaac Bashevis Singer como o "pai da literatura moderna" e pelo rei Haakon como a alma da Noruega. Vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1920, "pelo seu trabalho monumental, Markens Grøde ("Os Frutos da Terra"), insistia que a complexidade da mente humana devia ser o objecto principal da literatura moderna.

Hamsun foi um apoiante proeminente da Alemanha e da cultura alemã, e um crítico do imperialismo britânico e da União Soviética. Durante a 2ª Guerra Mundial, Hamsun apoiou Vidkun Quisling e o seu partido Nasjonal Samling, e foi mais tarde acusado de traição. Com mais de oitenta anos, foi encerrado num hospital psiquiátrico. Acabou por ser libertado e ver as acusações contra si retiradas. Morreu em 1952.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Colocar fim ao "Reino da Quantidade"

«Não desprezamos a economia. A economia não é o diabo. Pelo contrário, a "terceira função" é tão necessária como as outras. É necessária no seu lugar. As três funções são complementares; são indissociáveis. Mas devem estar hierarquizadas: o social na dependência do económico, o económico na dependência do político. E a soberania justificada pelas formas de autoridade que a fazem legítima. Restabelecer no seu lugar a primeira função, a terceira na sua, colocar fim ao "reino da quantidade", à concepção da economia como destino, ao social como razão de ser da política, é tudo a mesma coisa.»

Robert de Herte

Menina estás à janela?

Tolkien e a "geração hobbit"

«Tolkien nunca participou em política nem expressou convicções definidas; tão pouco "O Senhor dos Anéis" pode ser reduzido às categorias políticas em uso: nem ao debate político dos anos 1940-1950, nem ao de 2001. Mesmo assim, não pode negar-se um facto evidente: nem Tolkien nem a sua obra escrita podem ser consideradas neutrais perante os episódios fundamentais do nosso tempo.

"Gandalf está vivo e luta connosco". Não é um mote surrealista, mas um lema político do início dos anos 70, imediatamente após a primeira tradução italiana de "O Senhor dos Anéis". Já então, na Península Itálica, se compreendera a militância estrutural do mundo de Tolkien contra a evolução do mundo moderno e em defesa, em entre-linhas, de determinados princípios: sacrifício perante o hedonismo, família e comunidade contra o individualismo, fidelidade e integridade frente ao transformismo, tradição e respeito perante a mecanização, ecologia e lei natural perante a exploração da Terra.

Gandalf, como o seu criador Tolkien, não é de direita. Nem de esquerda. Representam simplesmente a denúncia dos males da sociedade de consumo. E uma alternativa ética, mesmo que não necessariamente política e ideológica. Em muitos e distantes países, uma minoria de jovens - sempre jovens, independentemente da sua idade e sempre rodeados por jovens cronológicos - adoptou Tolkien como bandeira de protesto, ou apenas como símbolo de uma opção de descontentamento pessoal.

(...) Falamos dos jovens de todas as idades que participaram nos já longínquos "Acampamentos Hobbit", que ouviram a diferente música da "La Compagnia dell'Anello", que utilizaram os nomes de "Eowyn" ou de "Erebor" para as suas iniciativas culturais. Uma juventude diferente, dissidente, minoritária e mais disposta a seguir um mito literário anti-moderno que a submeter-se às modas dominantes. Uma juventude quase marginal, mas viva e real, surpreendentemente consciente da sua identidade comunitária e difusamente disposta a uma luta quase espiritual num mundo pouco inteligível como o contemporâneo.

Haverá uma "geração hobbit"? Nas actuais circunstâncias, os valores de JRR Tolkien não podem chegar a ser socialmente dominantes. A sociedade ocidental baseia a sua organização nos princípios mais opostos. Vivemos entre Morgul e Mordor. Mas continuará a haver dissidentes, que aspirem a viver em Hobbiton ou em Lórien; e, logicamente, a difusão cinematográfica do mito favorecerá que essa minoria cresça, porque haverá um maior segmento da população exposto à inegável beleza desse mito. Com este filme poderá haver mais hobbits, mais jovens de espírito em luta estética contra as injustiças do presente.

Aconteça o que acontecer, JRR Tolkien não passou pelo Mundo sem deixar uma firme recordação.»

Pascual Tamburri

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Homo Americanus

«No início deste terceiro milénio, após o fim do comunismo, o liberalismo de que o Homo Americanus foi ponta de lança, já não pode ocultar o seu verdadeiro rosto. Já não pode esconder a sua face inumana sob palavras abstractas como "paz" e "progresso". Os acontecimentos do histórico 11 de Setembro nos Estados Unidos demostraram que o americanismo, para defender os seus valores "democráticos" e a sua natureza financeira predadora, não se coíbe de recorrer à tortura, aos campos de concentração e à vigilância informática. No entanto, quando se compara ao comunismo, o americanismo é capaz de realizar essas práticas totalitárias de forma muito mais traiçoeira, e de forma mais fácil de assimilar.»

Tomislav Sunic
in «Homo americanus. Hijo de la era posmoderna», Ediciones Nueva República, 2008.

António Ferro

Jornalista, ficcionista, cronista, político, António Ferro foi, com apenas 20 anos, o editor da revista Orpheu. Ligado aos elementos do primeiro modernismo, António Ferro, por alguns dos textos então publicados, apresenta-se como um dos mais eloquentes e estridentes porta-vozes daquele movimento artístico. Não tendo completado o curso de Direito, que trocou pelas letras e pelo jornalismo, o autor de Leviana teve uma existência movimentada. Esteve muito novo ainda, dois anos em Angola, de que regressou em 1919, para voltar ao jornalismo: O Jornal, O Século, Diário de Lisboa e Diário de Notícias. Como jornalista sai da paróquia nacional e entrevista figuras de alto gabarito internacional: D'Annunzio, Pio XI, Mussolini, Clémenceau, Maurras, Afonso XIII, Primo de Rivera, Poincaré, etc. Jornalista de forte personalidade e de grande vivacidade como prosador, António Ferro publica no Diário de Notícias, em 1932, as hoje célebres cinco entrevistas com Salazar, que rendido ao seu talento lhe confia, no ano seguinte, a criação do Secretariado da Propaganda Nacional. Nesse cargo, António Ferro tentará definir e impor uma "política do espírito", que buscava, por um lado, recuperar como fonte viva o folclore português e, por outro, fazer de algum modo uma pedagogia do moderno em arte. Olhado com suspeição por quase toda a intelectualidade portuguesa de oposição e com desconfiança por uma direita que lhe temia as ousadias, António Ferro teve de abandonar, em 1950, o Secretariado Nacional da Informação (nome que passara a ter, em 1944 o Secretariado da Propaganda Nacional) pelo posto de ministro plenipotenciário em Berna. Em 1954 vai para o Quirinal, também como ministro, sendo o posto, em 1955, elevado à categoria de embaixada. Foi casado com a poetisa Fernanda de Castro e era pai do escritor António Quadros (1923-1993), que organizou a antologia António Ferro (1963).

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Coração de Legionário

Dernière Volonté (Última Vontade, em português) é o nome do projecto musical do músico francês Geoffroy D. A sonoridade enquadra-se nos estilos marcial, neo-clássico, dark ambient e pop militar. Com o primeiro álbum ("Obéir Et Mourir") editado em 1998, Geoffroy tentou fundir a música marcial e o dark ambient. No entanto, progressivamente, o uso da voz e melodia foi dando lugar à utilização de samples históricos e à ênfase na atmosfera e no ritmo. Em 2003, com o álbum "Les Blessures De L'Ombre", Geoffroy tomou uma nova direcção, combinando o estilo marcial com refrões e melodias pop.
O projecto Dernière Volonté tornou-se controverso pelo uso de estética, estilo e samples de vozes relacionados com o fascismo europeu. Com o último registo editado em 2007, a banda continua no activo, dedicando-se a espectáculos ao vivo.

A Massa

«A massa esmaga tudo o que é diferente, distinto, individual, qualificado e selecto. Quem não for como todos os outros, corre o risco de ser eliminado.»

Ortega y Gasset

A esquerda e os intelectuais

É sabido que os portugueses vivem, desde há 30 ou 40 anos, sob uma ditadura cultural. Os esquerdistas indígenas tomaram de assalto a imprensa, o cinema, o teatro, as editoras, a educação. A partir do final dos anos 50 o Estado Novo, por opção política orçamental, restringiu a acção do SNI, já sem António Ferro, e permitiu que surgisse no horizonte cultural a Fundação Gulbenkian, presidida por Azeredo Perdigão, velho maçon socialista e esposo amantíssimo da viúva de Farinha dos Santos, ex-secretário geral do Partido Comunista. A ditadura começou aí. Acoitaram-se na Gulbenkian quantos adversários do regime ambicionavam ganhar concursos e bolsas de estudo na estranja. Enquanto a batalha política se travava sobretudo com as teses integracionistas, a batalha cultural começava a ser feita em nome do realismo socialista e da redenção proletária. Para além disso, a Gulbenkian desnacionalizou a cultura portuguesa, a decoração do esquálido palácio de Palhavã sem nada de autenticamente nacional, Portugal transformado num arrondissement de Paris... Com falsas rezas e a poder de porta-moedas, a esquerda sacripanta conseguiu instaurar no meio cultural a ditadura de que se queixava cá fora. Não é de admirar! Como dizia Orwell — a esquerda é antifascista, não é antitotalitária. (...)

Por outro lado, é facílimo produzir um intelectual de esquerda. Há candidatos em abundância. Qualquer doutor, mesmo que só da mula russa, serve lindamente para o efeito. Umas vagas ideias sobre liberdade, igualdade e fraternidade; meia dúzia de lugares-comuns sobre tolerância, direitos humanos e justiça social — e o candidato ascende imediatamente ao grau de catecúmeno. Dois ou três artigos no "Público", uma crónica no "Expresso", duas aparições na televisão — eis a consagração definitiva. Para manter acesa a chama do estrelato, o prometedor plumitivo só precisa de passar a frequentar os sítios certos; achegar-se a um dos dois partidos que alternam no poder; citar de cor Marcuse, Althusser ou Sartre; e assinar petições — a favor da droga, do aborto, da regionalização... Não custa nada! E assim nasce, fresco e tenrinho, mais um novo vulto da cultura lusíada.

(Excertos de texto não assinado do antigo site do PNR.)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Caveira, meu capitão!

Tropa de Elite, José Padilha, 2007

O Capitão Nascimento é o comandante de um esquadrão do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), a força de elite da polícia do Rio de Janeiro, que combate o tráfico de drogas nas notórias favelas do Rio de Janeiro. Para além da pressão da luta existente nas zonas de guerra, a sua mulher está prestes a dar à luz o seu primeiro filho, pelo que tem de encontrar um substituto e treiná-lo rapidamente para escapar à violência diária. Dois dos novos recrutas da força, Neto e Matias, juntos são o substituto perfeito. Separados poderão não conseguir sobreviver...

Apoia esta causa!

José António, presente!

«Desde logo, José António compreendeu bem que o futuro imediato é uma superação dialéctica do passado e do presente, da tradição e da modernidade. Numa Espanha totalmente dividida entre nostálgicos de um passado mais ou menos morto e utópicos de um futuro desincarnado e sem continuidade com o real, José António desde muito cedo surgiu a defender, não a harmonização eclética geradora de estagnação própria dos compromissos, mas a superação dos contrários existentes para um equilíbrio mais elevado. É por isso que parte de uma crítica implacável ao liberalismo e ao marxismo, realidades antitéticas, mas, por isso mesmo, indissoluvelmente ligadas, consciente embora do que de razoável houve no seu nascimento e do que têm de definitivamente adquirido para a História da Humanidade.»

José Miguel Júdice
in "José António Primo de Rivera", Edições Falcata, 2006.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Regresso à terra e garantias para a produção nacional

A independência vem também da cultura gastronómica e da produção local e biológica. Estes recursos são vistos como um obstáculo para os que desejam a uniformização e a colonização. Podemos pensar nas sociedades que encorajam a compra de sementes OGM e que minam a independência nacional. É o que se tem passado em África. Para mais, na ausência de uma política nacional de valorização da agricultura facilita a penetração de multinacionais, enquanto o abandono de certas culturas nos deixa dependentes de outros países.

Contra a liquidação da qual é vítima o nosso património natural e para que um dia não morramos à fome, propomos:
- A instauração de uma política de Estado de distribuição que assente num mercado nacional de produtos rurais.
- O apoio da pesca, da produção agrícola e do artesanato.
- A garantia de condições biológicas de produção.
- A criação de cooperativas que agrupem as diferentes corporações agrícolas.
- A criação de pontos de venda geridos pelas cooperativas ou por comerciantes que tenham a exclusividade de certos produtos contra a grande distribuição.
- A criação de selos que certifiquem a origem nacional real dos produtos.
- A obrigatória descrição detalhada de todos os ingredientes de um produto alimentar.
- A criação de uma etiqueta que identifique o preço das matérias primas a fim de ser possível comparar com os preços praticados nos super-mercados.
- A promoção de um consumo moderado de produtos de origem animal, nomeadamente a carna. A criação massiva coloca um problema de sofrimento animal, coloca em risco a qualidade dos produtos e aumenta a possibilidade do desenvolvimento de epidemias.
- Prisão perpétua para quem provoque o envenenamento em massa devido à modificação de produtos naturais.

[Extraído do programa político da CasaPound Itália.]

O verdadeiro Estado

«A característica fundamental do verdadeiro Estado é a sua organicidade. Um Estado orgânico compõe-se de partes distintas e diferenciadas, engloba unidades parciais dotadas de vida própria e hierarquicamente ordenadas. Tem por isso como base os valores da qualidade, da justa desigualdade e da personalidade. O seu princípio é o clássico suum cuique: a cada um o que lhe pertence e a cada um o seu direito, de acordo com a sua dignidade natural.»

Julius Evola
in "El Camino del Cinabrio", Ed. Heracles, Buenos Aires, 1998, p. 178.

Sugestões Outono-Inverno

domingo, 19 de outubro de 2008

"O homo-economicus existe, mas não é um homem feliz"

«Nenhum sistema - liberal ou socialista - fundado sobre a autonomia integral e a primazia do económico, procura a satisfação geral. O homo-economicus existe, mas não é um homem feliz. A satisfação das suas necessidades materiais, das suas necessidades centradas sobre apenas uma esfera, não apazigua o seu desejo. Pelo contrário, reforça-o, torna-o tão insaciável como frustrado. Toda a concepção da sociedade fundada sobre o bem-estar, sobre o "welfare", não pode senão fracassar na sua ambição de suscitar a felicidade. Esta resulta da apropriação pelo homem do seu ser próprio, da apropriação pelo homem de uma personalidade específica no interior de uma identidade colectiva - enquanto a sociedade mercantil, massificada, desculturalizante, despersonalizante, não se constrói se não pela aglomeração de homens-massa, ou seja, sobre a ruínas das diferenças e das personalidades.»

Roberte de Herte

A Outra Ásia

sábado, 18 de outubro de 2008

Futurismo

A 20 de Fevereiro de 1909, Filippo Tommaso Marinetti publica no «Figaro» um Manifesto dedicado "a todos os homens vivos da Terra": é o acto de fundação do Futurismo, primeiro movimento de vanguarda do século XX. Esse texto apela à mobilização geral contra os valores políticos, morais e culturais herdados do passado. Filosofia do vindouro, celebração da vida como evolução perpétua, o Futurismo nasce sob o signo do militantismo. Os futuristas, "primitivos de uma sensibilidade completamente renovada", negam toda a diferença entre a arte e a vida. As suas pesquisas traduzem uma vontade contínua de reinventar, pela arte, todas as formas de vida social: da política aos meios de comunicação, do vestuário à música, da sexualidade à cozinha.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O estranho caso do Dr. Destouches

Hipster: o beco sem saída da Civilização Ocidental

«Desde que os Aliados bombardearam as forças do Eixo até à submissão, a Civilização Ocidental teve uma sucessão de movimentos de contra-cultura que desafiaram energicamente o status quo. Cada década sucessiva da era do pós-guerra assistiu à derrocada dos padrões sociais, a eclosão de motins e luta pela revolução de cada aspecto de música, arte, governo e sociedade civil.

Mas depois do punk ser estilizado e o hip-hop perder o seu ímpeto para a mudança social, todas as antigas correntes dominantes de "contra-cultura" se juntaram numa só. Agora, uma amálgama de estilos, gostos e comportamentos em constante mutação veio definir a geralmente indefinível ideia de "hipster".

Artificial apropriação de diferentes estilos provenientes de diferentes épocas, o "hipster" representa o fim da civilização Ocidental – uma cultura perdida na superficialidade do seu passado e incapaz de criar um novo significado. Não só insustentável, é suicida. Enquanto os antigos movimentos jovens desafiavam a disfunção e decadência das gerações anteriore, hoje temos o "hipster" – uma sub-cultura jovem que espelha a condenada superficialidade da sociedade.»

Douglas Haddow
in Adbusters #79, 2008.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O direito à propriedade com o "Mutuo Sociale"

A família natural deve ter um tecto onde viver. É assim que cresce a família. Contra a proletarização forçada, contra a usura praticada pelos bancos ou contra as rendas exorbitantes, contra a especulação dos proprietários, é necessário que cada família se torne proprietária da sua casa.

Contra um futuro de sem-abrigos, propomos:
- Instauração do Crédito Social ("Mutuo Sociale"): a construção, pelo Estado, em terrenos públicos, de habitações vendidas a preços constantes às famílias não proprietárias, sem passar pelos empréstimos bancários.
- Habitações construídas ao estilo do Ventennio, em oposição à arquitectura inumana, semelhante à dos guetos, promovida pela democracia cristã e pelos comunistas.
- Que as habitações adquiridas graças ao "Mutuo Sociale" sejam apenas vendidas a pessoas que as habitem, a preços constantes e contando os pagamentos precedentes.

[Extraído do programa político da CasaPound Itália.]

Homogeneidade

«O desenvolvimento dos meios de comunicação e a planetarização do sistema civilizacional dominante fez aparecer mais um perigo: a homogeneidade. O homem vai-se uniformizando através de um processo de vulgarização, que elimina as diferenças, as características locais e pessoais, para dar lugar ao homem médio em todas as partes do mundo.
A causa principal desta involução é a uniformização das pressões selectivas em todos os espaços humanos. Com o progresso da tecnologia e o avanço da moderna frente cultural, os mecanismos de selecção natural foram eliminados em benefício de uma pressão selectiva artificial e normalizada para todas as comunidades e nações, que surgiram em função dos diferentes desafios históricos e pressões selectivas, vão desaparecendo à medida que tudo se uniformiza. É, definitivamente, a vulgarização do homem, uma monstruosidade que nem sequer Ortega y Gasset poderia imaginar ao escrever a "Rebelião das Massas".
Este perigo, que implica uma perda nas capacidades de resposta da espécie humana no seu conjunto, apresenta também fenómenos secundários de domesticação corporal, como o aumento de gordura, diminuição de combatividade, obsessões sexuais, diminuição da selectividade sexual e outros elementos negativos para a conservação da nossa espécie. A uniformização e a vulgarização são também aspectos de uma regressão civilizacional, já que o caminho ascendente se caracteriza por uma crescente diferenciação e um maior grau de organização.»

António Marques Bessa

in "Ensaio sobre o Fim da Nossa Idade", Edições do Templo (1978).

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

EIA EIA ALALA!

Recuperada pelo poeta Gabrielle D'Annunzio, a expressão "EIA EIA ALALA" (ou "eja eja alalà") é um grito de guerra da Grécia Antiga, utilizado por Aquiles no âmbito das epopeias. A exclamação, em grego antigo ei̃a eia alalά, é uma composição da interjeição eia (sendo éia um equivalente de coragem), repetida duas vezes, e da onomatopeia alalά (alalà), intraduzível, com origem no verbo alalάzw (alalàzo, um grito de guerra).
Utilizado na campanha de Fiume, o grito foi depois adoptado pelos fascistas italianos.

Zentropa de regresso!

É preciso intensificar a acção política

Com frequência temos que reprovar a atitude daqueles que, lançando-se no combate político, se convencem de que os êxitos estão à espera deles ao virar da esquina.
Note-se que não se duvida da sinceridade e do empenho desses que de vez em quando aparecem a bradar orgulhosos que "agora é que é". A razão da censura está até no facto oposto, ou seja o verificar-se que essas pessoas, em geral jovens, ao convencer-se de que estão destinados à vitória e que esta está à porta, ficam evidentemente fragilizados. A vida mostra que esses militantes, ardorosos, são também os mais vulneráveis às desilusões, aos inevitáveis fracassos, às derrotas e à frustração. Os mais exaltados de um momento são em geral os que no momento seguinte desaparecem aparentemente sem explicação.
Ensinou-nos a experiência que essa é a principal explicação das desistências: quem já acompanhou algumas fornadas sucessivas de jovens militantes aprendeu que muitos não são capazes de suportar a sensação de que todo o esforço é inútil, de que nada vale a pena, de que os sacrifícios são em vão. Ao fim de algum tempo é esse o estado de espírito em que mergulham, e acabam por desaparecer das fileiras. Não duram muito.
Em cada cem jovens que passam de uma forma ou de outra pela tentação nacionalista, contam-se pelos dedos das mãos os que ao fim de alguns anos persistem e se mantêm firmes no seu posto.
O motivo fundamental está nessa fragilidade: pensaram que era um caminho de vitórias, e nem sequer conseguiam esperar por elas. A fragilidade era psicológica, mais até do que ideológica (embora por vezes também esta seja importante).
Há que batalhar pela atitude contrária. Com lucidez, interiorizar a certeza de que o fim do combate não está à vista, não é "já ali".
Ver com realismo que todas as estruturas de poder, todos os mecanismos de controle social, todas as verdades instituídas, todo o edifício legal e institucional, todos os condicionamentos mentais existentes, são obstáculos que se erguem perante as nossas tentativas de acção política. Quem cultivar as ilusões do imediatismo está a enganar-se e a enganar outros. O gigantismo da tarefa não é de todo compatível com delírios românticos.
Dito isto, tranquilamente, é preciso depois sublinhar que a firmeza e a constância são qualidades essenciais do militante. E que aquilo que se faz não é inútil, pode ser é insuficiente, e em geral assim acontece. Nada daquilo que se faça é inútil, o que é preciso é fazer muito mais.
A realidade não é imutável, as circunstâncias não são inultrapassáveis, o inimigo não é invencível. Porém, há que lutar, e persistir na luta, até alcançar. O mundo só tem o sentido que nós lhe dermos. A história é feita pelos homens. Yes, we can.

Camisanegra

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Nas ruas!

Revolta contra o mundo moderno

«Nos dois três primeiros mil anos de existência trepámos a uma certa altura de civilização; mas depois temos vindo rolando para baixo numa cambalhota secular.
O tipo secular e doméstico de uma aldeia Ária do Himalaia, tal como uma vetusta tradição o tem trazido até nós, é infinitamente mais perfeito que o nosso organismo doméstico e social. Já não falo de gregos e romanos: ninguém hoje tem bastante génio para compor um coro de Ésquilo ou uma página de Virgílio; como escultura e arquitectura, somos grotescos; nenhum milionário é capaz de jantar como Lúculo; agitavam-se em Atenas ou Roma mais ideias superiores num só dia do que nós inventámos num século; os nossos exércitos fazem rir, comparados às legiões de Germânicos; não há nada de equiparável à administração romana; o boulevard é uma viela suja ao lado da Via Ápia; nem uma Aspásia temos; nunca ninguém tornou a falar como Demóstenes: — e o servo, o escravo, essa miséria da antiguidade, não era mais desgraçado que o proletário moderno.»

Eça de Queirós
in "Cartas de Inglaterra"

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Contra a sociedade multi-racista

A globalização, ou a ditadura das multinacionais, não gera apenas desastres económicos e sociais, mas também humanos. Antes da tomada de poder das multinacionais, por exemplo, o continente Africano sustentava 98% das suas necessidades alimentares de forma autónoma. No entanto, hoje em dia, há fome. Como consequência desse fenómeno, milhões de famintos e desesperados chegam todos os anos à Europa e a Itália.
A política de resposta a esta vaga é absurda. Organismos privados, em nome de concepções ideológicas ou religiosas (comunistas, progressitas, Caritas etc.) mantêm uma guerra entre os pobres dando prioridade aos imigrantes em relação aos italianos pobres. Cometem outra injustiça ao gastar subvenções públicas, fornecendo assistência médica, favorecendo o emprego e o acesso ao alojamento à custa dos italianos.
Num sistema económico global, as empresas nacionais estão em competição com outras que empregam verdadeiros escravos a fim de produzir a custos irrisórios. É por isso que as mesmas empresas procura uma mão-de-obra barata (os imigrantes) a fim de responder a essa concorrência desleal. Os imigrantes aceitam de boa vontade salários miseráveis que os italianos recusam receber. Deixar de expor as nossas empresas a essa concorrência tornará inútil o contributo dos imigrantes e assegurará os nossos empregos.
Contra o inferno da socidade multi-racista, propomos:
A luta contra as causas da imigração:
- Cooperação com as zonas económicas extra-europeias com o objectivo de colocar fim à sua dependência das multinacionais.
- Fim do fluxo migratório.
- Criação de um organismo de controlo que se assegure do fim do favoritismo social nas zonas tocadas pela imigração.
- Luta sem piedade contra os traficantes de pessoas e os seus cúmplices.
- Bloqueio dos subsídios destinados às associações parasitas que favorecem a "política de acolhimento" que oculta de facto interesses particulares económicos, religiosos ou ideológicos.

[Extraído do programa político da CasaPound Itália.]

Terra e Povo

Fruto da vontade comum de vários interessados, a Associação Terra e Povo foi constituída este ano e desenvolvia já um trabalho preparatório de lançamento de vários dos seus projectos: publicações, conferências, acções de formação, entre outros. Uma associação que se quer activa no preenchimento de uma lacuna no combate cultural e metapolítico no nosso país, bem como no estreitamento de relações paneuropeias. Uma associação em defesa da nossa Terra e do nosso Povo.

Endereço electrónico: www.terraepovo.com
Correio electrónico: terraepovo@gmail.com

sábado, 11 de outubro de 2008

Estratégia da tensão

«Podíamos facilmente inverter o esquema e falar de uma extrema-esquerda cúmplice da estratégia da tensão, ainda mais porque esta em geral favoreceu mais os comunistas do que os prejudicou. Mas esse não é o nosso estilo, nem a nossa mentalidade. O erro da leitura da extrema-esquerda reside no seu pecado original: uma visão dualista e maniqueísta do mundo.

A linha de demarcação entre bons e maus não existe. Aquela que separa os cínicos e os manipuladores (conscientes ou inconscientes) dos que possuem, não uma pureza revolucionária (que seria a língua de pau) mas uma dignidade e uma grandeza, não é vertical. Ela não separa direita e esquerda, fascistas e comunistas. Este meridiano atravessa cada experiência política, cada zona de mobilização das energias militantes.

O problema da nossa época reside precisamente na qualidade dos homens e, por conseguinte, no trabalho sobre si próprio que esta constatação implica: um trabalho sobre si próprio que não pode ser desviado por uma caça às bruxas estéril, nem neutralizado pela estigmatização simplista de um bode expiatório.»

Gabriele Adinolfi
in "Nos belles années de plomb. La droite radicale italienne dans l'orage de la lutte armée et de l'exil" (2004).

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Estudar o passado

«Quando um povo, em virtude das más cabeças dos homens que o constituem, ou das condições históricas e gerais, está em decadência, como o nosso, permita-se ao menos aos que amam a terra em que nasceram furtar-se, pela contemplação e estudo das coisas do passado, às misérias do presente (...)»

José Leite de Vasconcelos
in "Religiões da Lusitânia"

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O Ocidente

«A civilização ocidental não é a civilização europeia. É o fruto monstruoso da cultura europeia, da qual tomou o seu dinamismo e o seu espírito de acção, mas à qual se opõe basicamente. A América, imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, deu-lhe o impulso decisivo. A componente monoteísta da civilização ocidental é claramente reconhecível no seu projecto, idêntico no geral ao da sociedade soviética: impor uma civilização universal fundada na primazia da economia como forma de vida e despolitizar os povos em benefício de uma "gestão" tecnocrata mundial.»

Guillaume Faye
in "Éléments", n.º 34, 1980.